No fim de semana do 1º Encontro Mineiro de Parkour, aconteceram várias atividades que me deixaram bastante orgulhoso, não sei ainda se escreverei sobre alguma outra, mas quero descrever minhas impressões sobre uma atividade em especial, o treino realizado no sábado, na pista de obstáculos do pentatlo militar do 12º BI.
Essa já era uma antiga vontade minha e de meus companheiros de equipe, mas não imaginava que essa oportunidade causaria tanto impacto em minha postura pessoal e de prática de Parkour, propriamente.
Nas frequentes discussões que temos em dia de treino, levantamos os motivos e objetivos de cada pessoa enquanto praticante. Nós temos o interesse de sermos melhores; melhores pessoas e melhores traceurs. Por isso a importância do contato com a PPM (Pista do Pentatlo Militar), pois essa é uma grande referência à origem da prática e um tipo de treino muito próximo ao que David Belle submeteu-se.
Observando o espaço é possível imaginar seus impulsos, pois os obstáculos, realmente, estimulam os movimentos. Mas ao escutar os relatos dos militares, também é possível perceber, por que ele não seguiu carreira. Nem todo o tempo dentro do batalhão é utilizado para treinamento, existe muita burocracia e rotinas referentes à organização do espaço e do contigente.
Retornando ao ponto. Antes da liberação da pista para iniciarmos o treino, um Soldado realizou uma demonstração, seguindo ordens de seu Tenente. Uma tarefa árdua para qualquer um, com certeza, mesmo para os integrantes do batalhão, que correm 16 km diariamente. E é exatamente pela ação deste Soldado que resolvi escrever esse texto.
Éramos, aproximadamente, 50 pessoas aguardando ansiosamente para usufruir da pista, quando, humildemente, o Soldado iniciou seu percurso. Eu estava acompanhando-o e registrando seus passos com minha filmadora, e pude ver o grande esforço que ele submetera-se. Mas meu insight só surgiu depois do seu primeiro tombo devido à exaustão física.
Nesse momento, ocorreu-me o seguinte: o que será que esse Soldado fazia, logo antes de ser convocado pelo Tenente, para realizar essa demonstração? Ele poderia estar em seu horário de folga ou até lavando o banheiro. Mas, logicamente, teve que acatar às ordens de seu superior e executá-las prontamente.
Partindo desse pressuposto, sugiro duas hipóteses:
1ª) O Soldado podia estar de saco cheio e puto da vida, não sem razão, por ter que completar aquele percurso, naquela tarde muito quente.
2ª) Ele pode ter adotado uma postura neutra, entendido que ordens são ordens e devem ser cumpridas.
Seja qual for a atitude que ele tomou, o importante foi que ele resistiu bravamente ao duro trajeto que lhe fora empregado.
O Tenente havia nos informado que o recorde mundial da pista, padronizada nos batalhões do mundo todo, e cheia de regras específicas, é de um brasileiro, 2:19 min, trajando o uniforme esporte do exército. Ele também disse que o recorde da corporação é de 3:25 min. Durante a preparação das tropas que voluntariaram-se para o Haíti, os soldados tinham que percorrer a pista carregando um colega, para simular um resgate, nesse caso, eles terminavam em 30 min.
A determinação daquele soldado, independentemente de seus motivos, foi muito inspiradora. Acredito que ele nunca havia treinado nessa pista. Conversando com outros dois Soldados, consolidei a dificuldade da tarefa.
Um deles havia feito o percurso apenas 3 vezes. Ele disse que, no meio do caminho, fez uma pausa, pois tossia muito. A maioria de nós, que rastejamos por quase 10 metros em um dos obstáculos, também apresentamos o mesmo sintoma. Na ocasião, ele foi alertado pelo Sargento, "Se você ficar parado, vai desmaiar. É melhor que continue em movimento, Soldado". Seguindo a sugestão do Sargento, ele continuou e desmaiou no primeiro passo. Esse depoimento, me fez admirar ainda mais o Soldado que acabara de concluir a pista. Ele é franzino, e seu corpo em nada assemelha-se com os corpos dos "verdadeiros" praticantes de Parkour. Por isso, ainda surpreendo-me com sua garra e determinação. Ele ainda treinará por mais de dois anos para concluir sua formação no exército. Boa sorte à ele.
Terminada a demonstração, já poderíamos vivenciar a mesma experiência. Diferentemente do Soldado, que correu bastante e foi mais rápido que os praticantes, eu adotei um trote menos acelerado e usando técnicas que fossem mais habituais à minha rotina. E ao final do percurso, outros traceurs e eu, tivemos a revelação que, realmente, ainda temos um longo caminho a trilhar, antes que possamos nos denominar bons praticantes.
A PPM é o maior exemplo da síntese do Parkour, quanto à transposição de obstáculos partindo do ponto A ao ponto B. Acho que essa foi, verdadeiramente, a única vez que vivi o Parkour de acordo com sua definição. Agora, além de força, devo treinar bastante corrida. Além de potência, resistência. Ser e durar.
Recomendo à todos que, se possível, visitem e treinem em uma pista de obstáculos dessas. Com certeza, sua percepção e finalidades na rotina de treino irão mudar. Treinemos, então.
Rachacuca
Essa já era uma antiga vontade minha e de meus companheiros de equipe, mas não imaginava que essa oportunidade causaria tanto impacto em minha postura pessoal e de prática de Parkour, propriamente.
Nas frequentes discussões que temos em dia de treino, levantamos os motivos e objetivos de cada pessoa enquanto praticante. Nós temos o interesse de sermos melhores; melhores pessoas e melhores traceurs. Por isso a importância do contato com a PPM (Pista do Pentatlo Militar), pois essa é uma grande referência à origem da prática e um tipo de treino muito próximo ao que David Belle submeteu-se.
Observando o espaço é possível imaginar seus impulsos, pois os obstáculos, realmente, estimulam os movimentos. Mas ao escutar os relatos dos militares, também é possível perceber, por que ele não seguiu carreira. Nem todo o tempo dentro do batalhão é utilizado para treinamento, existe muita burocracia e rotinas referentes à organização do espaço e do contigente.
Retornando ao ponto. Antes da liberação da pista para iniciarmos o treino, um Soldado realizou uma demonstração, seguindo ordens de seu Tenente. Uma tarefa árdua para qualquer um, com certeza, mesmo para os integrantes do batalhão, que correm 16 km diariamente. E é exatamente pela ação deste Soldado que resolvi escrever esse texto.
Éramos, aproximadamente, 50 pessoas aguardando ansiosamente para usufruir da pista, quando, humildemente, o Soldado iniciou seu percurso. Eu estava acompanhando-o e registrando seus passos com minha filmadora, e pude ver o grande esforço que ele submetera-se. Mas meu insight só surgiu depois do seu primeiro tombo devido à exaustão física.
Nesse momento, ocorreu-me o seguinte: o que será que esse Soldado fazia, logo antes de ser convocado pelo Tenente, para realizar essa demonstração? Ele poderia estar em seu horário de folga ou até lavando o banheiro. Mas, logicamente, teve que acatar às ordens de seu superior e executá-las prontamente.
Partindo desse pressuposto, sugiro duas hipóteses:
1ª) O Soldado podia estar de saco cheio e puto da vida, não sem razão, por ter que completar aquele percurso, naquela tarde muito quente.
2ª) Ele pode ter adotado uma postura neutra, entendido que ordens são ordens e devem ser cumpridas.
Seja qual for a atitude que ele tomou, o importante foi que ele resistiu bravamente ao duro trajeto que lhe fora empregado.
O Tenente havia nos informado que o recorde mundial da pista, padronizada nos batalhões do mundo todo, e cheia de regras específicas, é de um brasileiro, 2:19 min, trajando o uniforme esporte do exército. Ele também disse que o recorde da corporação é de 3:25 min. Durante a preparação das tropas que voluntariaram-se para o Haíti, os soldados tinham que percorrer a pista carregando um colega, para simular um resgate, nesse caso, eles terminavam em 30 min.
A determinação daquele soldado, independentemente de seus motivos, foi muito inspiradora. Acredito que ele nunca havia treinado nessa pista. Conversando com outros dois Soldados, consolidei a dificuldade da tarefa.
Um deles havia feito o percurso apenas 3 vezes. Ele disse que, no meio do caminho, fez uma pausa, pois tossia muito. A maioria de nós, que rastejamos por quase 10 metros em um dos obstáculos, também apresentamos o mesmo sintoma. Na ocasião, ele foi alertado pelo Sargento, "Se você ficar parado, vai desmaiar. É melhor que continue em movimento, Soldado". Seguindo a sugestão do Sargento, ele continuou e desmaiou no primeiro passo. Esse depoimento, me fez admirar ainda mais o Soldado que acabara de concluir a pista. Ele é franzino, e seu corpo em nada assemelha-se com os corpos dos "verdadeiros" praticantes de Parkour. Por isso, ainda surpreendo-me com sua garra e determinação. Ele ainda treinará por mais de dois anos para concluir sua formação no exército. Boa sorte à ele.
Terminada a demonstração, já poderíamos vivenciar a mesma experiência. Diferentemente do Soldado, que correu bastante e foi mais rápido que os praticantes, eu adotei um trote menos acelerado e usando técnicas que fossem mais habituais à minha rotina. E ao final do percurso, outros traceurs e eu, tivemos a revelação que, realmente, ainda temos um longo caminho a trilhar, antes que possamos nos denominar bons praticantes.
A PPM é o maior exemplo da síntese do Parkour, quanto à transposição de obstáculos partindo do ponto A ao ponto B. Acho que essa foi, verdadeiramente, a única vez que vivi o Parkour de acordo com sua definição. Agora, além de força, devo treinar bastante corrida. Além de potência, resistência. Ser e durar.
Recomendo à todos que, se possível, visitem e treinem em uma pista de obstáculos dessas. Com certeza, sua percepção e finalidades na rotina de treino irão mudar. Treinemos, então.
Rachacuca
5 Impressões:
ta e cade o video???
hauehaue zuera...
velho realmente doi uma experiencia foda...eu ja fui pisando na pista pensando em completar o trajeto ..consegui fazer tudo ate o final nos padrões militares(menos a bandeira de 5 metros) mas fiquei ate feliz com minha atuação ..mas assim que terminei senti um cansaço que não sentia ha mto tempo .senti um certo mal estar tmb nada demais ...mas foi otimo espero voltar la algum dia.
e anda com esse video ae..hauehaue
uooOO!
fineuza mesmo
galera morreu qnd foi fazer o parkour de verdade!!!
nem treinar só corrida..
é treinar realmente obstaculos..
"quer ficar bom de parkour? Treine parkour!"
realmente é isso, lembrando que parkour é o percurso nos obstaculos e nao movimentos separados!
fineza mermo!
abraço do paulino!
Good Vibes!
It's madness!
bjumeligasoldado
Inspirador!
Eu que não estava presente, ao ler o artigo, enchi o peito. São poucas coisas que nos fazem realmente pensar diferente. E esse texto com certeza será lembrado antes de meus treinos.
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