Uma das tarefas de conclusão da segunda fase do Projeto Parcours era escrever um relatório para a comissão do Prêmio Funarte. Achei interessante postar aqui o texto que mandei para eles. Uma análise sobre a prática e a oficina. Boa leitura.
"Lisses é o berço do Parkour e também é considerada a Meca pelos traceurs do mundo, visitada freqüentemente por praticantes que buscam um contato mais forte com o verdadeiro espírito da disciplina.
E a primeira pessoa do mundo a fazer “a peregrinação” foi Thomas Couetdic, morador de Tours, uma pequena cidade a 200 km de Lisses. Isso foi em 2001, logo após a primeira grande divulgação de Parkour na Europa, uma matéria com David Belle para o canal de TV TF1. Thomas foi de trem de uma cidade a outra, ele tinha 17 anos, dois anos a mais que David Belle, quando este resolveu dedicar-se à disciplina. Inclusive, essa foi a primeira viagem de Thomas para fora de casa. Mais um ponto positivo para o Parkour, que foi capaz de incentivá-lo a encarar novos desafios. Aos 16, Thomas era apenas um entusiasta, com limitado histórico de práticas esportivas, e hoje, aos 23, ele é um ícone mundial, inspirando vários iniciantes e iniciados devido sua habilidade, postura e caráter.
Um panorama geral de Lisses. O Período em que Thomas realizava suas primeiras visitas a Lisses, é considerado o início do fim da época de ouro dos treinamentos de David Belle e seu grupo naquele momento, os Original Traceurs. Nas ruas identificava-se “Os caras grandes”, “The big guys”: David Belle, Kazuma, Stephane Vigroux e outros. E “Os muleques”, “The small guys”: Johann Vigroux, Seb Guodot e Mike. Foi com esses prodígios que Thomas iniciou seus ensinamentos em Lisses.
O contato com o Parkour puro foi de extrema valia para compreender a habilidade dos franceses. O treinamento e condicionamento físico são muito intensos. Inicialmente, as qualidades físicas do praticante deve sobressair a técnica. É necessário tornar-se bem forte para agüentar os impactos que acompanham os movimentos. Num segundo momento, instala-se um equilíbrio entre os pilares da prática: força, mente, espírito e disciplina. Foi esse equilíbrio que experimentamos na oficina. O longo treino físico diário foi severo, mas inspirador. Analisando novamente os movimentos e comportamento dos traceurs originais, percebe-se como essas provações são valorizadas. Se tomarmos como verdade o dito, “para criar arte, deve-se sofrer”, então todos os participantes terminaram essa jornada como grandes artistas, orgulhosamente.
A relação desse trabalho com o desenvolvimento de uma linguagem desses movimentos para a cena é essencial. Ao aprender a origem da atividade, é possível entender a criação de cada movimento, e a intenção anterior a cada proposta. Criava-se arte, mesmo sem o discurso artístico."
Bons treinos,
Rachacuca.
2 Impressões:
Foi realmente uma experiência muito boa...daquelas que não se esquece nucna mais.
Me recordo muito bem dos momentos de dor hehe Belo relatório meu amigo.
abraços
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