Parkour, Cinema e Grindcore!
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quinta-feira, 5 de março de 2009

Parkour e a Praticante Feminina



Esse é um artigo que o Thomas Couetdic escreveu para o site Girl Parkour, agora traduzido. Um texto bem legal e que nem só as garotas poderão identificar-se, acho que esse pensamento pode dizer muito até aos praticantes mais experientes. É possível conferir essa tradução no site do PKMAX Parkour, sessão Parkour > Artigos > Artigos de Outras Pessoas. Espero que gostem.

Bons treinos.

Bruno Rachacuca.


Parkour e a Praticante Feminina

Por Thomas Couetdic
Tradução de Bruno “Rachacuca” Peixoto
Texto original: http://www.girlparkour.com/page31.htm


"Parkour tem se espalhado como o vento para todos os cantos do mundo – de uma maneira descontrolada e preocupante, alguns diriam – mas unindo cada vez mais praticantes.

Entre eles, uma comunidade começou a emergir, crescendo rapidamente em número e talento até o ponto em que é seriamente apontada na comunidade global, refiro-me é claro sobre o cenário feminino do Parkour.

Eu passei vários meses em Londres e tenho lecionado em praticamente todas as turmas e encontros femininos da Parkour Generations, captando uma boa idéia do que as moças tem feito. Tenho treinado com mulheres inglesas muito dedicadas mas também de outras partes do mundo como Canadá, Brasil e outros lugares, e espero treinar com muitas mais no futuro.

Com muitas considerações, eu descobri que minha evolução no Parkour é muito similar com a evolução de muitas mulheres que eu conheci: eu comecei com uma grande motivação, mas também com pouquíssima auto confiança e tive que lutar através disso. Eu vejo isso em iniciantes tanto quanto com experientes traceuses, mas posso dizer pela minha própria experiência que essa é só uma fase no progresso de cada um, com prática e dedicação alcançasse a clareza da mente. Como Antoine de ST Exupery diria: “Descobre-se a si mesmo, aquele que defronta-se no obstáculo”, e quem mais que um praticante de Parkour defronta-se no obstáculo? Da mesma maneira que onde há luz não pode haver trevas, onde há consciência não pode existir dúvida, portanto existirá confiança.

Todos tem um potencial esperando para ser libertado, absolutamente. Homem ou mulher, altos e baixos, fracos e fortes, etc. Tudo isso é irrelevante. O que importa não é de onde você começou, mas até onde você quer chegar. Eu entendo que a maioria das mulheres sentem-se desconfortáveis num ambiente que era exclusivamente povoado por homens até poucos anos atrás, e que apesar de várias traceuses terem começado a mostrar o caminho expressando o potencial feminino através do Parkour, o “caminho” feminino ainda é um grande mistério: traceuses possuem corpos diferente dos homens, logo devem mover-se diferentemente.

Alguma inspiração pode ser trazida das mulheres que praticam escalada em pedras, adaptando sua morfologia elas desenvolveram sua própria maneira de escalar, que é menos poderosa mas extremamente técnica, e agora elas podem competir com homens numa disciplina que parecia ser reservada aos homens. Aconteceu várias vezes enquanto eu escalava o Fontainebleau (um paraíso para bouldering na França) que eu era completamente subjulgado por mulheres, embora eu tenha vantagem de forca superior e nem seja totalmente um iniciante em termos de técnica.

Da mesma modo, eu sei que existirá a maneira de mulheres praticarem Parkour e isso vai se desenvolver nos próximos anos. Deve ser muito excitante ser uma traceuse nesse momento em particular, desenhando o caminho que muitas seguiram depois dela!

Se baseado nas minhas observações, eu tivesse que listar as principais dificuldades que as traceuses teem que lidar (geralmente, é claro, não existem regras universais), seriam essas (sem uma ordem particular):

* Elas pensam demais, muito racionalmente, e esquecem de confiar em suas sensações.

Como seres humanos, nós possuímos instintos, e como o Parkour é baseado em movimentos naturais do homem, nossos instintos são perfeitamente adaptados ao treino de Parkour. Por isto é tão importante estarmos conscientes das sensações que nosso corpo nos fornece, é o jeito que ele comunica e fechar nossos olhos para isso seria (com um pouco de exagero) como colocar nossa mão no fogo e não perceber que isso está nos machucando! Essa é só uma noção pois é mais fácil explicar isso no campo, mas para resumir: nosso corpo vai nos dizer se está preparado para tal movimento ou exercício físico por fazer esses movimentos/ exercícios “sentindo” certo ou errado. Muito pensamento racional nesse momento se irá borrar o sinal e pode levar a traceuse a se machucar, ou não tentar nada mais.

* Elas tendem a ficar sobrecarregadas pela emoção

Por causa da pouca confiança que mencionei antes, muitas mulheres tendem a fica mais emotivas quando treinam Parkour, mesmo quando caem ou quando não vencem uma barreira mental. Parkour é feito de emoção por que nos faz encarar nossos próprios medos e fraquezas, é assim para todos, do mais iniciante até ao David Belle ou outros. Muitas poucas pessoas nunca derramaram lágrimas por causa do Parkour... Você poderiam muito bem ficar em casa e fazer alguma coisa fácil e confortável, mas você vai lá fora deliberadamente e coloca-se em situações desafiadoras, isto é algo muito corajoso de ser feito e realmente nem todos fazem isso, precisamente por que é difícil. Coisas sem valor são fáceis, e o Parkour, por conta dos grandes elementos que pode trazer à você, vale a pena vivê-lo. Então expresse suas emoções: chore, grite, fique com raiva se for preciso, mas não deixe que isso te conquiste e te coloque para baixo, nunca... Desistir nunca é uma solução. Ao longo do caminho, esforços são sempre recompensados.

* Elas tem dificuldade em confiar em si mesmas e subestimam suas capacidades.

Eu já expliquei isso, mas nunca é demais insistir: todos os seres humanos tem um enorme potencial que infelizmente a maioria não usa completamente. Estou certo que isto aconteceu durante seu treino ou em outras áreas de sua vida, que você encontrou-se encarando um obstáculo que parecia tão imponente que você achou que talvez isso não fosse para você, e você terminou por vencê-lo apenas para descobrir que não era tão mau.

Bem, isso acontece 99,9% do tempo, nós construímos nossos próprio demônios, nós mentalmente transformamos os obstáculos que encaramos, o limite é nossa imaginação! Mas no fim, isso é apenas uma ilusão, como aquelas fachadas falsas nos velhos filmes de cowboy que fazem aquelas tavernas gastas parecerem a Mansão da Playboy. Pouquíssimas pessoas esforçam-se para ver as coisas como elas verdadeiramente são.
Então da próxima vez que você estiver numa situação dessas, pergunte-se: estou mesmo tentando enxergar mais do que o que minha mente quer que eu veja? E estou enfrentando isso com meu mais positivo estado mental, ou estou desistindo mesmo antes de tentar?

Se ainda assim você não consegue superar a dificuldade, tudo bem, desça um degrau, faça alguma coisa mais fácil e trabalhe seu caminho passo a passo. Não existe certo ou errado, nem ganhar ou perder, apenas sugestões. Não pense que por que você é uma mulher, você é menos capaz que um homem, não apenas por que não é verdade, mas também por que fazendo isso, você inconscientemente estaria criando uma barreira na sua mente para seu próprio progresso. Não crie limites para si mesma, por que ninguém (incluindo você) realmente sabe onde eles estão...

Esses 3 pontos são unidos um ao outro, então se você experimentar um deles, existe uma grande chance de experimentar os outros dois também. Ao contrario também: resolvendo um desses não estará longe de resolver todos.

Eu percebo um espírito e energia muito boa entre a comunidade feminina que me convenceu desde muito tempo que mulheres podem trazer ao Parkour tanto quanto os homens trouxeram. Um dos meus mais queridos desejos no momento seria treinar uma traceuse muito motivada num nível básico, mas por causa dos meus planos de viagem, este projeto vai ter que esperar por agora.

Though the real point in parkour is not to be able to do incredible things, but rather to explore ourselves and to conquer our demons on the our way to pure inner peace. I hope to see the female scene express itself and shine ever more among the Parkour world.

Apesar de que o ponto verdadeiro do Parkour não é o de ser capaz de fazer coisas incríveis, mas explorar nós mesmos e vencer nossos demônios no caminho da paz interior. Eu espero ver a cena feminina expressar-se e brilhar cada vez mais no mundo do Parkour.

Para todas as traceuses do mundo, eu deixo meus cumprimentos e esperança!

- Thomas"

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